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Ventres da Mata Atlântica constela trabalhos desenvolvidos no contexto de pinturas rupestres pré-históricas de um dos mais antigos sítios arqueológicos de presença humana no continente conhecido como América do Sul no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil, e a histórica migração e a cosmovisão de artistas, intelectuais e curandeiros Guarani, considerando as imbricações da Mata Atlântica nas arquiteturas colonial-capitalistas, dentro das injunções do presente. Também apresenta uma visão implicada e singular que articula terra e povo, buscando epistemologias não hegemônicas para enfatizar o papel histórico fundamental das mulheres na arte e na resiliência, para perceber o território modernamente produzido como Mata Atlântica como um campo de forças tensionadas de múltiplas camadas.

 

Desde o início do século XVI, a Mata Atlântica tem sido um dos locais fundamentais para a invenção das relações produtivas e econômicas extrativistas coloniais e capitalistas. Sua configuração foi drasticamente afetada até os dias de hoje, onde no Brasil restam apenas cerca de 7% de sua cobertura original. Diversas pesquisas apontam os danos coloniais como o início da mudança climática global e a extinção em massa, sendo os sistemas de extração e transformação do mundo em de recursos indissociável da contínua sujeição de povos e comunidades indígenas e afro-diaspóricas.

 

Entendemos que a possibilidade de estabelecer alternativas às relações transatlânticas dominantes só pode existir se formos capazes de figurar antes e além das coordenadas coloniais. Para nós, isso significa redesenhar, reenquadrar e redimensionar a noção de Atlântico, constelando diferentes tempos e territórios históricos, praticantes indígenas e africanos, suas narrativas cosmogônicas, teorias arqueológicas e narrativas históricas documentais. Esses elementos vão discutir como diferentes migrações humanas ocuparam, valorizaram e modificaram um dos biomas mais biodiversos e ameaçados do planeta Terra, que teve um papel histórico fundamental no passado, presente e possivelmente no futuro.

 

Ventres da Mata Atlântica é um projeto colaborativo que conta com a contribuição de Cristine Takuá, Carlos Papa, Sandra Ara Rete Benites, Freg J. Stokes e Marcelo Noronha, e é uma proposta de Anita Ekman e Amilcar Packer.

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